O processo de dispensa

Uma vez recebida a receita médica, seja pela mão do utente, seja eletronicamente, inicia-se o processo de dispensa da medicação. 

A informação da receita é colocada no chamado PMR - Patient Medication Record. O PMR contém o histórico do utente naquela farmácia, assim como notas, alergias e dados pessoais.
Os dados da receita (medicamento, dosagem, posologia, quantidade) são introduzidos, seleciona-se o medicamento correspondente da base de dados para efeitos de preço e pagamento, processa-se a receita e uma série de etiquetas são imprimidas. 
Nestas etiquetas vão estar todas as informações necessárias como: nome do utente, data da dispensa, nome, quantidade e dosagem do medicamento, posologia, frases de aviso, e nome, morada e número de telefone da farmácia. Certos medicamentos têm toda uma série de avisos que, em vez de serem ditos em voz alta e posteriormente possivelmente esquecidos, estão impressos e sempre visíveis. Estas frases podem ser algo como: "uso externo" (cremes, loções), "não tomar com outros produtos contendo paracetamol", "este medicamento pode causar sonolência", entre outros. São as chamadas 'cautionary and advisory labels'; existem num total de 32 e estão todas no BNF. Todas as etiquetas têm o aviso "Manter fora do alcanse das crianças".

Fonte: Pharmacy dispensing label template

Fonte: Medicine Label

Uma vez processada a receita, um membro da equipa - o chamado dispenser - vai reunir toda a medicação da receita num pequeno cesto, verificar que o medicamento escolhido corresponde ao da receita, que a quantidade necessária está correta, que está dentro do prazo de validade, e que os dados da etiqueta estão de acordo com a informação da receita. Uma vez satisfeito, cola a etiqueta no medicamento correspondente e passa a receita dispensada ao farmacêutico.

O farmacêutico, por sua vez, procede a dois checks: accuracy check (AC) & clinical check (pharmaceutical assessment) (CC). O AC é para ter a certeza que o dispenser fez a dispensa corretamente: que aquele medicamento, naquela dosagem e naquela quantidade corresponde ao que está na receita, e que as informações na etiqueta estão de acordo com as da receita. É um passo necessário porque muitas vezes existem erros tipográficos nas posologias que podem levar à má administração do medicamento ou, devido a medicamentos com nomes similares, o medicamento errado foi escolhido. O CC é um check clínico, em que o farmacêutico se certifica que aquela medicação, naquela dosagem e posologia, é adequada para aquele utente. É uma parte deveras importante; por diversas vezes tive de ligar a médicos a pedir receitas novas, pois, por exemplo, o utente está a tomar anticoagulantes e não pode tomar aquele antibiótico, ou é alérgico a penicilina e foi-lhe prescrito amoxicilina/ácido clavulânico. Parece algo óbvio, que o médico deveria ter em atenção, mas é por esta e outras razões que trabalhamos todos em conjunto; o que passou despercebido a um profissional de saúde, é apanhado por outro, e é resolvido em prol do utente.

O AC também pode ser feito por um membro da equipa que tenha tido o treino apropriado; estes colegas são conhecidos por Accuracy Check Technicians (ACT). O farmacêutico faz o clinical check da receita e o ACT faz o accuracy check. Isto tira bastante da carga de trabalho do farmacêutico, libertando-o para outras funções.

Uma vez tudo verificado, a medicação é colocada num saco de papel que é selado com uma etiqueta com o nome e morada do utente, nome, morada e telefone da farmácia que dispensou a medicação, e data de dispensa. No momento de entrega, nome e morada são confirmados pelo utente; novamente é necessária atenção no procedimento de forma a evitar entregar a medicação ao utente errado (nomes semelhantes).

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