End of life medication
Em Inglaterra, quando é clinicamente determinado que o utente está a entrar nos últimos dias de vida, há um certo tipo de medicação que é prescrito de forma a aliviar os sintomas do utente, assim como para providenciar algum alívio (psicológico) aos familiares. Este tipo de medicação é chamada de "End of life medication" e é prescrita para alivar sintomas de dor, falta de ar, náusea e vómitos, e agitação.
A maior parte das receitas para esta medicação é passada de forma antecipatória, isto é, sabe-se que o estado de saúde do utente não vai melhorar, em breve vai entrar nos últimos dias e, apesar de ainda não ter sintomas, a medicação é prescrita e aviada de forma a estar com o utente em caso de necessidade, e é administrada por profissionais de saúde que vão estar com o utente (mesmo em casa).
O grande problema com este tipo de medicação é que, apesar de ser prescrita para aliviar sintomas que causam desconforto severo ao utente, os efeitos adversos podem ser insuportáveis e até piorar a situação; por exemplo, ciclazina é prescrita para aliviar náuseas e vómitos, mas pode piorar insuficiência cardíaca, e medicação para excesso de secreções pode causar delírios, que é outro sintoma de final de vida. Como todos os outros casos, a relação benefício-risco tem de ser estudada e cada caso é um caso.
O início de tratamento com medicação de final de vida deve ser sempre feito com uma dose reduzida inicialmente, titrando lentamente até à dose ótima. A maior parte dos utentes receberá a medicação subcutaneamente, através de um syringe-driver.
Controlo da dor
O primeiro passo é aliviar/tratar quaisquer possíveis causas da dor, como retenção urinária. O tratamento deve ser dado pela via de administração de preferência do utente; morfina é o opióide de preferência, mas paracetamol e ibuprofeno são as escolhas não-opióides. A vantagem da morfina é que també irá providenciar alívio de falta de ar.
Controlo da falta de ar
A falta de ar num utente é preferencialmente controlada farmacologicamente, do que com máscaras de oxigénio; somente se o utente estiver hipóxio é que é colocado a oxigénio.
Os fármacos de escolha são opióides (morfina), ou benzodiazepinas (diazepam/midazolam/clonazepam), ou uma combinação de um opióide com uma benzodiazepina.
Controlo de náuseas e vómitos
Náuseas ou vómitos podem ser causados por medicação, quimioterapia/radioterapia, causas fisiológicas ou bioquímicas (ex. hipercalémia), entre outros. Quando as opções não-farmacológicas não são suficientes para controlar os sintomas, os fármacos de primeira linha incluem: ciclazina, domperidona, haloperidol, metoclopramida ou proclorperazina. Se ineficientes, levomepromazina é prescrita.
Controlo de ansiedade, agitação e delírio
Benzodiazepinas (como diazepam, clonazepam ou midazolam) são consideradas para controlar ansiedade ou agitação, ao passo que antipsicóticos (tais como haloperidol, risperidona, levomepromazina, olanzepina) são considerados para o delírio e agitação.
Controlo de secreções respiratórias
Nem sempre o som de secreções respiratórias tem um impacto no utente em final de vida; no entanto, para providenciar conforto psicológico (impedir que os familiares sofram a pensar que o utente morreu sufocado/afogado em secreções), medicação é prescrita para diminuir as secreções. Esta medicação tem de ser monitorizada a cada 12h pois os efeitos secundários incluem delírio, agitação, boca seca e/ou retenção urinária.
Os fármacos mais prescritos incluem atropina, glicopirrónio ou hioscina.
Por norma, as receitas que eu vejo para medicação de final de vida incluem: diamorfina, hioscina, midazolam, levomepromazina e água para preparação de injetáveis, pois toda a medicação é administrada S/C.
Receber a receita médica para este tipo de medicação é sempre complicado. Se a farmácia providenciar habitualmente este tipo de medicação, vai ter sempre o stock disponível, mas se for uma farmácia que não costuma ter o stock, adiciona um transtorno ainda maior à pessoa que está a aviar a receita, pois para além do efeito psicológico de conhecer alguém que está a morrer, ainda tem de encontrar uma farmácia que tenha o stock completo. Na minha zona, eu sei quais são as farmácias que têm sempre stock e reencaminho os utentes para lá; os centros de saúde também têm uma lista de farmácias que têm sempre stock. Mesmo tendo stock, é necessário ter sempre muito tacto quando se está a aviar estas receitas; por muito atarefado que o staff esteja, estas receitas têm prioridade (pelo menos nas farmácias pelas quais eu sou responsável na altura), se não se tem stock liga-se para todas as farmácias na zona que possam ter e explica-se ao utente como lá chegar, se for necessário entrega-se ao domícilio (já fui à casa de um utente entregar ao final do dia porque as receitas chegaram do centro de saúde quando já não tínhamos condutor de entregas).
O importante é respeitar os desejos do utente, apoiar os familiares, e fazer o que está no nosso poder.
A maior parte das receitas para esta medicação é passada de forma antecipatória, isto é, sabe-se que o estado de saúde do utente não vai melhorar, em breve vai entrar nos últimos dias e, apesar de ainda não ter sintomas, a medicação é prescrita e aviada de forma a estar com o utente em caso de necessidade, e é administrada por profissionais de saúde que vão estar com o utente (mesmo em casa).
O grande problema com este tipo de medicação é que, apesar de ser prescrita para aliviar sintomas que causam desconforto severo ao utente, os efeitos adversos podem ser insuportáveis e até piorar a situação; por exemplo, ciclazina é prescrita para aliviar náuseas e vómitos, mas pode piorar insuficiência cardíaca, e medicação para excesso de secreções pode causar delírios, que é outro sintoma de final de vida. Como todos os outros casos, a relação benefício-risco tem de ser estudada e cada caso é um caso.
O início de tratamento com medicação de final de vida deve ser sempre feito com uma dose reduzida inicialmente, titrando lentamente até à dose ótima. A maior parte dos utentes receberá a medicação subcutaneamente, através de um syringe-driver.
Controlo da dor
O primeiro passo é aliviar/tratar quaisquer possíveis causas da dor, como retenção urinária. O tratamento deve ser dado pela via de administração de preferência do utente; morfina é o opióide de preferência, mas paracetamol e ibuprofeno são as escolhas não-opióides. A vantagem da morfina é que també irá providenciar alívio de falta de ar.
Controlo da falta de ar
A falta de ar num utente é preferencialmente controlada farmacologicamente, do que com máscaras de oxigénio; somente se o utente estiver hipóxio é que é colocado a oxigénio.
Os fármacos de escolha são opióides (morfina), ou benzodiazepinas (diazepam/midazolam/clonazepam), ou uma combinação de um opióide com uma benzodiazepina.
Controlo de náuseas e vómitos
Náuseas ou vómitos podem ser causados por medicação, quimioterapia/radioterapia, causas fisiológicas ou bioquímicas (ex. hipercalémia), entre outros. Quando as opções não-farmacológicas não são suficientes para controlar os sintomas, os fármacos de primeira linha incluem: ciclazina, domperidona, haloperidol, metoclopramida ou proclorperazina. Se ineficientes, levomepromazina é prescrita.
Controlo de ansiedade, agitação e delírio
Benzodiazepinas (como diazepam, clonazepam ou midazolam) são consideradas para controlar ansiedade ou agitação, ao passo que antipsicóticos (tais como haloperidol, risperidona, levomepromazina, olanzepina) são considerados para o delírio e agitação.
Controlo de secreções respiratórias
Nem sempre o som de secreções respiratórias tem um impacto no utente em final de vida; no entanto, para providenciar conforto psicológico (impedir que os familiares sofram a pensar que o utente morreu sufocado/afogado em secreções), medicação é prescrita para diminuir as secreções. Esta medicação tem de ser monitorizada a cada 12h pois os efeitos secundários incluem delírio, agitação, boca seca e/ou retenção urinária.
Os fármacos mais prescritos incluem atropina, glicopirrónio ou hioscina.
Por norma, as receitas que eu vejo para medicação de final de vida incluem: diamorfina, hioscina, midazolam, levomepromazina e água para preparação de injetáveis, pois toda a medicação é administrada S/C.
Receber a receita médica para este tipo de medicação é sempre complicado. Se a farmácia providenciar habitualmente este tipo de medicação, vai ter sempre o stock disponível, mas se for uma farmácia que não costuma ter o stock, adiciona um transtorno ainda maior à pessoa que está a aviar a receita, pois para além do efeito psicológico de conhecer alguém que está a morrer, ainda tem de encontrar uma farmácia que tenha o stock completo. Na minha zona, eu sei quais são as farmácias que têm sempre stock e reencaminho os utentes para lá; os centros de saúde também têm uma lista de farmácias que têm sempre stock. Mesmo tendo stock, é necessário ter sempre muito tacto quando se está a aviar estas receitas; por muito atarefado que o staff esteja, estas receitas têm prioridade (pelo menos nas farmácias pelas quais eu sou responsável na altura), se não se tem stock liga-se para todas as farmácias na zona que possam ter e explica-se ao utente como lá chegar, se for necessário entrega-se ao domícilio (já fui à casa de um utente entregar ao final do dia porque as receitas chegaram do centro de saúde quando já não tínhamos condutor de entregas).
O importante é respeitar os desejos do utente, apoiar os familiares, e fazer o que está no nosso poder.
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