Entrevista a Alexandre Matos

O Alex é um farmacêutico que trabalha no UK há uns bons anos. O blog dele e ele próprio foram ajudas preciosas na minha pesquisa sobre farmacêuticos a trabalhar no Reino Unido e todo o processo envolvido.
O Alex aceitou graciosamente responder a umas perguntas para este blog. Agradeço-lhe sempre todo o tempo que me dispensou ao longo destes anos.
* Quando te mudaste para o UK?
Agosto de 2012
* O que te fez escolher a cidade onde estás?
Um pouco por acaso. Desde que ficasse a cerca de 1h de um aeroporto com vôos para Portugal não me importava muito a cidade dado que não conhecia grande coisa do Reino Unido. A agência de emprego arranjou-me duas entrevistas, uma com a ASDA no Norte de Inglaterra e outra em Bristol para uma farmácia independente. A de Bristol cancelou a entrevista e a ASDA ofereceu-me a vaga e assim acabei inicialmente em Fleetwood e depois em Preston.
* Alguma vez ponderaste outro país que não um pertencente ao UK?
Já trabalhei 5 anos na Irlanda e 1 ano na China. Já concorri a empregos no Brasil, Timor, Bermudas e Ilha de St Helena. Estive também com um pé em Angola, passei todas as entrevistas e aceitei o emprego mas acabou por não se concretizar por problemas de última hora com o visto. Também já recusei ofertas para voluntariado com o MSF para o Congo e Siria. Portanto ponderar já ponderei muita coisa.
* Quais foram as principais razões pelas quais quiseste trabalhar no UK?
Depois de ter estado na Irlanda e China o meu plano era voltar a Portugal, arranjar um emprego em comunitária e levar uma vida relaxada… Infelizmente, ao fim de 6 meses de procura, não tive qualquer sucesso por todas as farmácias que contactava; apenas pretendiam recém licenciados para estágios. A partir daí desisti de vez da ideia de voltar a Portugal e mudei-me para o UK. Portanto a principal razão foi a maior facilidade de emprego, melhores salários que Portugal e uma maior variedade de opções profissionais.
* Em que área trabalhas atualmente?
Actualmente trabalho em farmácia comunitaria e faço um part-time como farmacêutico prescritor num consultório medico. Entretanto já aceitei um novo emprego e em breve comecarei a trabalhar numa prisão como farmacêutico clínico.
* Quais são as maiores diferenças desde que chegaste ao UK?
As principais diferenças em relação a quando cheguei ao UK: fala-se mais em saturação do mercado farmacêutico com tendência para a redução de remuneração dos farmacêuticos. Vários cortes por parte do NHS levando a uma maior pressão dos empregadores sobre os farmacêuticos para aumentar a produtividade das farmácias.
Pela positiva tornou-se mais comum a existência de farmacêuticos em consultórios médicos e outras equipas clínicas e tem-se visto uma valorização dos nossos conhecimentos.
* Profissionalmente falando, qual é o melhor aspeto da profissão; e qual é o pior?
Positiva – reconhecimento, autonomia clínica e valorização professional
Negativa – recentemente um certo aumento de pressão sobre os farmacêuticos para fornecer mais servicos clínicos financiados pelo NHS
* Na tua opinião, o que teria de mudar na profissão em Portugal para te fazer voltar?
Ofertas de emprego e reconhecimento profissional
* Quais são os teus planos profissionais para o futuro?
No imediato iniciar a minha nova carreira na prisão.
Podem ver o blog do Alex em "Em Inglaterra sem nada debaixo da cama".

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