Entrevista a Aléxis Marcos
Hoje sabemos mais sobre a experiência do Aléxis, meu padrinho na Universidade, em Inglaterra. O Aléxis atualmente trabalha em farmácia hospitalar e oferece-nos uma perspetiva muito interessante sobre o trabalho de um farmacêutico num hospital em Inglaterra.
* Quando te mudaste para o UK?
Em Janeiro de 2014
* O que te fez escolher a cidade onde estás?
Inicialmente comecei por ir para Ipswich porque foi aí que surgiu a primeira oportunidade para começar a trabalhar em farmácia comunitária (foi tudo acordado com o meu empregador a partir de Portugal pois não queria sair do país sem ter certezas a nível de contrato de trabalho) e também por ser relativamente perto de Londres onde a minha namorada estava a viver na altura. Um ano depois acabei por ir trabalhar para Bury St. Edmunds onde ainda estou neste momento. Foi uma boa oportunidade para começar carreira em farmácia hospitalar. Podemos dizer que a cidade me escolheu a mim, e não eu a escolher a cidade.
* Quais foram as principais razões pelas quais quiseste trabalhar no UK?
Estávamos a atravessar uma crise onde era cada vez mais difícil encontrar emprego em Portugal mesmo tento uma licenciatura. Os empregos eram de curta duração, muitas ofertas a recibos verdes e tudo isto antes da Ordem dos Farmacêuticos acordar com a ANF uma considerável descida na tabela remuneratória da carreira farmacêutica. Além disso as chances de poder vir a trabalhar em Farmácia Hospitalar eram mínimas tendo em conta os cortes no sector público (bem visíveis na área da Saúde).
Na Inglaterra teria hipótese de começar de novo, aprender novas coisas e quem sabe atingir o objetivo de vir a trabalhar num hospital. Tinha a facilidade da língua e minha namorada a viver em Londres há 7 anos, o que me dava mais confiança para enfrentar este novo desafio.
* Quando te mudaste para o UK?
Em Janeiro de 2014
* O que te fez escolher a cidade onde estás?
Inicialmente comecei por ir para Ipswich porque foi aí que surgiu a primeira oportunidade para começar a trabalhar em farmácia comunitária (foi tudo acordado com o meu empregador a partir de Portugal pois não queria sair do país sem ter certezas a nível de contrato de trabalho) e também por ser relativamente perto de Londres onde a minha namorada estava a viver na altura. Um ano depois acabei por ir trabalhar para Bury St. Edmunds onde ainda estou neste momento. Foi uma boa oportunidade para começar carreira em farmácia hospitalar. Podemos dizer que a cidade me escolheu a mim, e não eu a escolher a cidade.
* Quais foram as principais razões pelas quais quiseste trabalhar no UK?
Estávamos a atravessar uma crise onde era cada vez mais difícil encontrar emprego em Portugal mesmo tento uma licenciatura. Os empregos eram de curta duração, muitas ofertas a recibos verdes e tudo isto antes da Ordem dos Farmacêuticos acordar com a ANF uma considerável descida na tabela remuneratória da carreira farmacêutica. Além disso as chances de poder vir a trabalhar em Farmácia Hospitalar eram mínimas tendo em conta os cortes no sector público (bem visíveis na área da Saúde).
Na Inglaterra teria hipótese de começar de novo, aprender novas coisas e quem sabe atingir o objetivo de vir a trabalhar num hospital. Tinha a facilidade da língua e minha namorada a viver em Londres há 7 anos, o que me dava mais confiança para enfrentar este novo desafio.
* Em que área trabalhas atualmente?
Estou a trabalhar em Farmácia Hospitalar. Sou especialista em sistemas de prescrição eletrónica e sou também um dos responsáveis pelo serviço farmacêutico prestado à unidade de Cuidados Intensivos.
* Quais são as maiores diferenças desde que chegaste ao UK?
A forma de trabalhar tanto em comunitária como em hospitalar é bem diferente. Em farmácia comunitária o farmacêutico para além de assegurar a dispensa de medicação, está também focado em providenciar serviços avançados de farmácia como Medicines Use Review, New Medicine Service, Flu vaccination Service, etc.
Em Farmácia Hospitalar a carreira é mais estruturada. Os recém-contratados integram geralmente um sistema de rotações clinicas que variam de 4 a 6 meses em diferentes especialidades (p.e. cirurgia geral, medicina, pneumologia, cardiologia etc.). São encorajados a completar um Certificado em Prática Farmacêutica (pós-graduação com duração de 2 anos) e posteriormente existem hipóteses de completar o curso de Prescritor Independente ou mesmo o curso de Prática Avançada Farmacêutica (Advanced Pharmacy Practice ) entre outros. O sistema de evolução na carreira é diferente do português onde geralmente são os anos de carreira que determinam o aumento gradual no salário anual. No Reino Unido existem oportunidades para membros juniores do NHS se candidatarem para cargos de especialidade (basicamente qualquer um pode candidatar-se às ofertas de emprego que são regularmente publicadas no NHS jobs).
Em relação à minha vivência quotidiana no Reino Unido, posso dizer que sempre tive boas experiências. Sempre fui bem aceite no meu meio de trabalho e em qualquer outro local – a aceitação da diferença é bem patente e basta olhar em meu redor para ver pessoas dos cinco diferentes continentes trabalhando no NHS.
* Profissionalmente falando, qual é o melhor aspeto da profissão; e qual é o pior?
Tenho que enumerar uma série de aspectos que acho bastante positivos acerca da profissão, neste caso relativamente à vertente hospitalar:
- A carreira é mais apelativa, existindo vários programas específicos de formação em determinadas áreas clínicas
- A ascensão na tabela remuneratória dá-se mais rapidamente do que em Portugal já que são menos os níveis remuneratórios existentes. Os valores também são mais apelativos.
- As ofertas de trabalho e as candidaturas são mais transparentes. As ofertas de trabalho são anunciadas através do site NHS Jobs e encontram-se abertas por períodos que variam entre as 3 a 4 semanas em geral. Para evitar discriminação, a seleção de candidatos para entrevista é feita na ausência de dados demográficos (p.e. género, idade, nome permanecem confidenciais até ser finalizada a seleção, sendo revelados apenas nas semanas que antecedem as entrevistas). Em Portugal as ofertas de trabalho que existem são publicadas por 3 dias antes de encerrarem, sendo dirigidas a um público previamente informado da sua publicação.
- As fronteiras invisíveis entres classes profissionais estão bem mais diluídas que em Portugal. Médicos em início de carreira são encorajados a procurar suporte do farmacêutico na sua enfermaria no que toca a prescrição de medicação. Em áreas mais especializadas como a que me encontro de momento (Cuidados Intensivos) – integro as rondas médicas onde apoio a equipa de médicos especialistas numa determinada variedade de questões (p.e: desde providenciar informação sobre ajuste de dosagem de medicação em doentes requerendo hemofiltração veno-venosa contínua, propor alternativas terapêuticas, sugerir análises bioquímicas específicas, enumerar ajustes nas diluições de certas infusões para manter um balanço hídrico do paciente adequado etc.
-Os farmacêuticos podem sugerir melhorias nos sistemas e processos vigentes (p.e. ao nível do serviço nas enfermarias, quimioterapia etc...) podendo elaborar Business Cases que em caso de aprovação possam levar a mudanças no funcionamento do grupo de profissionais de farmácia.
A nível pessoal não consigo encontrar algo que seja negativo. Mas consigo identificar processos onde o serviço farmacêutico a nível hospitalar no Reino Unido podia sofrer melhorias. Em Portugal o sistema unidose adoptado dos Estados Unidos da América traz grandes benefícios económicos, minimizando desperdício de medicação. No R.U. a dispensa de medicação é feita durante a estadia no hospital e finalmente aquando da alta. Isto minimiza os gastos para o NHS a nível de prescrições que requeressem levantamento em farmácia comunitária. No entanto, este processo pode em certas ocasiões ser bastante moroso levando a que os vários profissionais de saúde intervenientes na alta do doente acabem por lhe dedicar uma grande parte do seu tempo. Penso que um sistema que resulte da fusão destas duas práticas possa surtir resultados bastante positivos.
* Na tua opinião, o que teria de mudar na profissão em Portugal para te fazer voltar?
Muita coisa. Gostaria de um dia poder verificar em Portugal mais transparência nas candidaturas a postos de trabalho na função pública.
Sinto que o plano de educação de novos farmacêuticos iniciando carreira em farmácia hospitalar necessita de ser reestruturado. Para tal a existência de um farmacêutico sénior responsável pela educação do restante departamento é essencial.
A flexibilidade a nível laboral é outra das coisas que gostaria de ver mudar, já que tenho bastantes colegas a trabalhar em regime de part-time e consigo ver como isso pode beneficiar ambas as partes (empregado e empregador).
Desejo ver as diferentes classes de profissionais de saúde a trabalhar em equipa respeitando-se mutuamente, e acima de tudo respeitando o utente (que é a razão pela qual todos nós trabalhamos no NHS/SNS). As notícias e comentários de colegas/familiares que chegam até mim não são as mais positivas.
Seria importante ver por parte das direções hospitalares uma aceitação e promoção de ideias desenvolvidas ao nível dos diferentes serviços hospitalares, por staff trabalhando e vivenciando as dificuldades desses mesmos serviços. Ideias essas que possam trazer melhorias para o utente e potenciais reduções de custos para o SNS.
Finalmente, para que um dia pense em voltar a exercer em Portugal, espero ver uma carreira profissional e remuneração mais apelativas (carreiras que não sirvam de moeda de troca em negociações políticas).
* Quais são os teus planos profissionais para o futuro?
Num futuro próximo espero completar o curso de prescritor independente (Independent Prescriber) e mais tarde o curso de Advanced Pharmacist Practitioner. A longo prazo, são qualificações que me podem garantir uma variedade de opções (e.g. trabalhar em associação com “GP surgeries” – “Centros de Saúde” ou actuar como farmacêutico consultor em serviços hospitalares mais avançados como Serviços de Emergência ou Cuidados Intensivos) e onde poderei pôr em prática todo o meu conhecimento a nível de prescrição.
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